Durante as últimas décadas, as mudanças sentidas no sistema de ensino em Portugal, foram céleres e profundas. As exigências da centralização do processo de ensino-aprendizagem no aluno, aliado à proliferação das novas tecnologias com tudo o que lhe está inerente, as alterações sociais, cada vez mais vincadas na escola (são exemplo a falta de valores, os comportamentos agressivos, o sedentarismo, o consumismo acrítico, o multiculturalismo, o racismo a xenofobia e a discriminação de género, entre outros) o aumento da carga de trabalho dos professores em processos burocráticos, parasitando indiscutivelmente a sua ação pedagógica, a falta de literacia digital de uma grande fatia do corpo docente e o seu envelhecimento, criou desafios hercúleos: como motivar os alunos para a aprendizagem e para a participação nas atividades propostas, proporcionando-lhes significado e interesse em desenvolvê-las; como aplicar de forma plena o processo de autonomia e flexibilização. Neste contexto, as aulas de campo, são oportunidades únicas em que os docentes podem desenvolver trabalho colaborativo e cooperativo, onde os alunos poderão descobrir novos ambientes fora da sala de aula (Morais e Paiva, 2009), desenvolver a análise empírica, aprender a interpretar o mundo, a expressar emoções, a trabalhar em equipa inter-relacionando competências e saberes, a perceber o outro, a exercer a cidadania e a fazer exercício físico (Bastos, 2012). Em súmula, as aulas de campo assumem-se como uma nova proposta pedagógica, fugindo da tradicional classe magistral, excessivamente verbalizada, assumindo um carater interdisciplinar, valorizando as particularidades do meio, a interação e a troca de informação.

Aos professores, cabe a tarefa de planear a saída, como passo fundamental para o sucesso da aula de campo. Estes devem dar especial atenção à escolha dos percursos/locais (orientação espacial, distância, duração, e grau de exigência física), à seleção dos conteúdos/matérias a serem trabalhadas (âmbito), à escolha dos canais de comunicação e dinâmicas de construção das mensagens/informação, formas de registo/aquisição e avaliação.

Assim, o Pedestrianismo ou “a arte de andar a pé” por meios rurais ou urbanos, apresenta-se como a atividade de ar livre que melhor incorpora as características exigidas para o planeamento de uma aula de campo. Se por um lado, um professor é um conhecedor da disciplina que tutela, um especialista no campo do saber, possuindo de base, capacidades e competências para escolha e planificação de uma determinada matéria de ensino, por outro lado, apresenta inúmeras lacunas na planificação de uma aula de campo e a sua utilização como estratégia de ensino. Aspeto que se torna mais evidente quando ao docente lhe é pedido o trabalho de flexibilização curricular privilegiando o trabalho em equipa. A aprendizagem do Pedestrianismo e tudo o que ele compreende, destacando-se, a leitura e interpretação de um mapa, a utilização de uma bússola, a delimitação de um âmbito, a escolha de um percurso, o cálculo da seu comprimento, da sua duração e caraterização quanto à intensidade de esforço físico, entre outros aspetos, é condição consensual, para que cada professor, independentemente da sua formação e da disciplina que tutela, possa dar uma resposta positiva na planificação de uma aula de campo.

Esta ação de formação justifica-se plenamente, na medida se assume como um momento por excelência que condiciona professores “diferentes” a trabalhar em equipa mobilizando uma panóplia de saberes. Mais ainda, pretende colmatar lacunas e dificuldades identificadas nos docentes, formando-os na área do pedestrianismo e, desta forma, apetrechando-os com as ferramentas e experiência necessárias e indispensáveis para planear e executar com sucesso uma aula de campo.


Criação de Material de apoio ao processo Ensino/Aprendizagem : Excel Intermédio - T4 - Santarém


A sociedade atual, fortemente marcada e influenciada pelas tecnologias e pelo digital, tende cada vez mais para um estilo de vida sedentário, onde os mais jovens vivem uma “realidade virtual”, muitas vezes desfasada da realidade concreta.

Não obstante as inúmeras vantagens que a revolução tecnológica nos proporciona, revelando-se como uma ferramenta essencial no processo de ensino-aprendizagem das ciências; as aulas de campo, nas quais os alunos podem contactar diretamente com a Natureza, apresentam-se, no contexto atual, como imprescindíveis para um verdadeiro conhecimento do mundo real, dando-lhes a oportunidade de explorar e vivenciar in loco. Por outro lado, contribuem ainda para uma maior sensibilização acerca dos problemas ambientais e da importância da atividade física, levando os discentes a adotar comportamentos responsáveis face à preservação do meio ambiente e a adquirir estilos de vida saudáveis, essenciais para um desenvolvimento sustentável.